quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

ONU pressiona por acordo em Copenhague


Copenhague, dezembro de 2.009 - O secretário-executivo da Convenção do Clima das Nações Unidas, Yvo de Boer, pressionou nesta quarta a comunidade internacional a seguir o "plano de ação" de Copenhague (Dinamarca) e chegar a um acordo sobre a redução de emissões de dióxido de carbono (CO2).

"Só há um Plano A, não há um Plano B de ação", disse o austríaco em coletiva de imprensa em Bonn (Alemanha), na qual apresentou as expectativas para a Convenção da ONU sobre Mudança Climática.

A reunião dinamarquesa, marcada para 7 a 18 de dezembro, busca um acordo internacional de redução de emissões de CO2 que substitua o Protocolo de Kioto, que expira em 2012. Segundo o Painel Intergovernamental da Mudança Climática (IPCC), os países industrializados devem reduzir as emissões entre 25% e 40% em 2020 frente a 1990.

"Há muito em jogo. Não resta tempo para manobras técnicas nem para estratégias nacionais", afirmou De Boer. Para ele, é essencial que esse acordo não seja uma mera "declaração política", mas fixe os objetivos concretos de redução dos países industrializados, os planos dos emergentes e o financiamento que será destinado à adaptação para a luta contra a mudança climática. "Já em 2010, os países ricos deverão pôr sobre a mesa US$ 10 bilhões para a mitigação e a adaptação à mudança climática dos países em desenvolvimento", apontou.

Segundo os cálculos da ONU, a longo prazo, as necessidades de financiamento poderiam chegar a US$ 200 bilhões anuais para o corte de emissões e US$ 100 bilhões para financiar medidas de adaptação ao aquecimento global. Para o secretário, o novo acordo deve estabelecer também de forma muito clara os sistemas através dos quais se administrará esse financiamento, de modo que seja possível empreender "ações imediatas" nos países em desenvolvimento.

De Boer celebrou o fato de o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ter decidido ir a Copenhague e qualificou sua presença de "crucial" para a adoção de um acordo que possa se transformar em um tratado vinculativo já nos primeiros meses de 2010. "O mundo está olhando para Washington", afirmou o austríaco, que acrescentou que os EUA são o único país industrializado que ainda não fixou objetivos concretos encaminhados a reduzir as emissões de CO2.

Os EUA lançaram um projeto de lei que contempla uma redução até 2020 de entre 17% e 20% em relação aos níveis de 2005 - os demais países tomam 1990 como referência.

De Boer afirmou também que não vê "motivos" para que os EUA pudessem se abster de assinar o acordo de Copenhague, apesar de não assinar o atual Protocolo de Kioto.

Ele ainda minimizou a possibilidade de um tratado vinculativo não sair de Copenhague diretamente - um objetivo que se deu por perdido durante as negociações prévias. "Um acordo sólido permitirá que as medidas entrem em vigor de maneira imediata, sem ter de esperar a que entre em vigor o mecanismo político correspondente", assegurou.

De Boer elogiou os "planos ambiciosos" de países como China, Índia, México e Indonésia e citou que Brasil, Rússia e Coréia do Sul apresentaram propósitos similares nos últimos dias. "Precisamos de um último impulso por parte dos países industrializados", acrescentou o austríaco, que frisou que os países emergentes "parecem dispostos a cumprir sua parte".

De Boer pediu à União Européia (UE) - que ofereceu uma redução de 20% que poderia elevar a 30% se outros países fizerem esforços similares - a esclarecer a condicionalidade de sua proposta e a deixar claro quais são seus objetivos.

A urgência de atuar frente ao aquecimento global ficou clara esta semana depois que o estudo científico internacional "Diagnóstico Copenhague" advertiu que, se medidas não forem aplicadas, a temperatura poderia subir até 7 graus no final do século, muito acima do limite de 2 graus defendido pelos especialistas.

Segundo o relatório, que teve participação do Instituto de Pesquisa do Clima de Potsdam, nos últimos 15 anos o nível do mar subiu mais de 5 centímetros e poderia subir mais de 2 metros no final do século, mais que o dobro que o estimado até agora.

A mobilização para acordo cresce em Copenhague, diz ONU

Líderes de vários países se uniram na sexta-feira (27) em uma ofensiva diplomática para tentar assegurar um acordo do clima da ONU em Copenhague no próximo mês. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que um acordo está "ao alcance".

Ban e o primeiro-ministro dinamarquês, Lars Lokke Rasmussen, que vai ser o anfitrião do encontro de 7 a 18 de dezembro, celebraram o que descreveram como um crescente momentum internacional para um pacto de redução das emissões de gases de efeito estufa e contenção do aquecimento global.

"Nosso objetivo comum é conseguir uma fundação sólida para um tratado legal sobre o clima tão cedo quanto possível em 2010. Estou confiante que nós estamos no caminho certo para isso", disse Ban, durante a cúpula dos líderes dos países do Commonwealth em Trinidad e Tobago.

"Cada semana traz novos compromissos e promessas --de países industrializados, economias emergentes e países em desenvolvimento", acrescentou.

"Um acordo está ao nosso alcance... Nós precisamos selar um acordo em Copenhague", disse Ban. Ele, Rasmussen e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, compareceram à cúpula das 53 nações do Commonwealth como convidados especiais para influenciar em um consenso para um pacto sobre o clima.

Rasmussen disse que a Dinamarca recebeu uma resposta "imensamente positiva" ao seu convite a líderes de nações do mundo para atender ao encontro no próximo mês. "Mais de 85 chefes de Estado e governos confirmaram a presença em Copenhague e há ainda muitos considerando positivamente", disse.

Ele pediu a países desenvolvidos para se comprometerem firmemente com a redução de gases de efeito estufa e para que "coloquem indicadores na mesa para antecipadamente" financiar a ajuda a nações pobres para combater as mudanças climáticas.

"A necessidade de dinheiro em cima da mesa --isso é o que nós queremos conseguir em Copenhague", disse Rasmussen em uma entrevista coletiva.

Rasmussen e Ban receberam com entusiasmo uma proposta feita mais cedo pelo primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, para a criação de um fundo de US$ 10 bilhões por ano para ajudar países em desenvolvimento na batalha contra os efeitos do aquecimento global.

Brown afirmou que esse financiamento deveria estar disponível já no próximo ano, bem antes de um acordo sobre o clima ser implementado.

"Nós estamos diante de uma emergência climática: nós não podemos esperar até 2013 para agir", disse Brown.

Fonte: Portal Terra

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